segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Começo a fazer amizade na terceira visita

28/10/10 – Chego toda animada para a terceira aplicação, pego o encaminhamento e entrego junto a injeção para a Luísa que me recebe com um sorriso largo bem próprio dela. Avisa que tem 6 pessoas na minha frente, o que não me importa, e que terei que esperar muito.

Saio da sala, desço, tomo um café, volto e continuo esperando. Peço ao enfermeiro que providencie um atestado para levar ao trabalho e ele me leva até a parte hospitalar onde ficam os internados. Percebo em um apto uma alegria, música, violão e... são os Doutores da Alegria, que legal! Quando eles passam, deixam sorriso nos rostos dos adultos e das crianças com as suas brincadeiras.

Volto para a enfermaria e logo a Luisa vem me atender, me acomodo em uma poltrona confortável e começo a tomar a medicação que hoje está lenta, demorada e dolorida.

Enquanto tomo a injeção conheço a Ananda Larissa que tem três anos, usa um chapéu branco e rosa e tem leucemia, ela é paciente há 3 meses e todos os dias pela manhã toma a medicação, hoje ela vai tomar plaquetas. Ananda chora quando a vê a enfermeira passando de um lado para o outro.

A Enfermeira vai atendê-la e Ananda chora e grita mas consegue tomar a medicação. Enquanto isso, converso com ela e digo que também tenho uma filhinha chamada Ananda, que teve Leucopenia e que também fez tratamento no Hemoam e hoje está bem e continua fazendo acompanhamento, ela para de chorar, vê a foto que está no celular, me olha com os olhinhos molhados de lágrimas, dá um tchauzinho e vai embora.

Finalmente termina a medicação e vou embora.

Na próxima postagem teremos fotos....

A segunda visita ao HEMOAM

21/10/10 – Na segunda visita, chego triste, rosto inchado de chorar, lágrimas que teimam em cair, minha família passa por uma perda irreparável, e ainda estamos num processo de aprender a lidar com perdas, principalmente quando essas perdas dizem respeito a pessoas que amamos... mas esse assunto fica para outro blog.

A enfermaria está lotada, as enfermeiras agitadas, tem muita gente para atender elas pedem para eu esperar que logo vão me atender, mas que vou ter que esperar muitoooo.

Me acomodo em uma maca aguardando a Luisa enfermeira-super-simpática vir me atender, começo a ficar triste só de pensar na picada da agulha que terei que enfrentar, penso em ir embora e voltar outro dia, mas enquanto caminho para a porta conheço o George que tem 6 anos e tem Leucemia. Ele é branquinho, tem cabelos claros e, quando sorri fecha os olhinhos, é lindo!

A Mãe diz que hoje é um dia muito especial, ele venceu a primeira etapa da leucemia e vai ter alta. O tratamento continuará em casa e com algumas idas ao HEMOAM, mas que juntos vencerão. O George é só sorriso, chega a gargalhar enquanto a mãe conversa comigo.

Fico envergonhada e volto a me acomodar na maca. Conheço um casal com 3 filhos, eles aguardam um documento para internar os dois filhos hemofílicos e também um atestado para o pai levar ao trabalho, visto que ele ficará com as crianças no hospital e a esposa vai ficar com a filha menor que ainda é muito pequena. Enquanto esperam eles brincam, conversam e riem.

Enquanto aguardo percebo um rapaz gemendo com dor, o enfermeiro aplica um remédio e ele dorme, mas até ele dormir foram muitos gemidos e o meu coração ficou tão apertadinho...

A Luisa vem acompanhada de seu bom humor, punciona a veia, coloca o soro com o remédio e vai atender outro paciente, termina a medicação chamo a Luisa e vou embora.

Hoje foi um dia cheio e muitas aprendizagens. Aprendi a esperar sem reclamar, que todos tem problemas uns maiores e outros menores e que precisamos sempre olhar para o lado.

Início do tratamento no HEMOAM

14/10/10 - Hoje começo o tratamento no Hemoam para curar a anemia que me assola desde sempre, mas que se tornou grave nos últimos tempos.

Meu primeiro dia foi ameno, chego, sento e fico esperando atendimento. Ao meu lado está o maridão que enquanto aguarda, Lê e responde email, faz pesquisa na internet e aproveita para testar o telefone novo.

Fico observado às pessoas ao redor, as enfermeiras são rápidas e não perdem o bom humor. Alguns pacientes chegaram cedo e já iniciaram a medicação, outros estão chegando. Eu continuo observando, alguns homens e meninos usam boné, as mulheres usam lenços e as meninas usam touquinhas, das mais diversas cores e modelos. Os pacientes são pessoas simples, tem semblante calmo e uma cor pálida, quando passam por mim, esboçam um sorriso como se dissessem “seja bem vinda”, ou “vai dar tudo certo”.

Não sei quanto tempo esperei, mas finalmente fui atendida. A enfermeira vem toda alegre e punciona a veia da mão, coloca o soro e sai, logo começa a doer e inchar aviso a enfermeira que punciona em outra veia. Mas o estrago já estava feito a mão ficou inchada, roxa e dolorida.
Termina a medicação e saio com uma sensação diferente, apesar de a mão estar inchada e dolorida, estou feliz em ter começado o tratamento e pensativa em ver tantas pessoas com problemas e encarando isso da melhor forma e ainda com força para dar apoio aqueles que estão chegando.

E assim foi o primeiro dia...